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Rebeubeu, Pardais ao ninho

Rebeubeu, Pardais ao ninho

Outubro 29, 2018

Provavelmente, a esta hora, já tudo se escreveu sobre isto. Infelizmente, eu não consigo deixar de pensar na coisa, o que ela significa e o que significará em termos de futuro.

Preocupam-me muito os resultados das eleições no Brasil. Não consigo conceber que pessoas que viram, ouviram e leram o mesmo que eu sintam que Bolsonaro é a melhor escolha para governar um país. Das duas uma, ou a informação que me chegou serviu para me manipular a mim e a minha opinião ou 55 milhões de pessoas apoiam um discurso xenófobo, homofónico e misógino. Um retrocesso nas mentes e nos direitos que tanto custaram a conquistar. 

Tenho lido, quase obsessivamente, vários artigos sobre porque tantas pessoas fizeram esta escolha e tenho acompanhado muitos comentários pró-Bolsonaro nas mais diversas redes sociais e chego a 3 conclusões.

  • estavam muitos fascistas dentro de um armário e sentiram-se agora com forças para defenderem opiniões retrógradas, conservadoras, racistas, xenófobas e por aí fora;
  • Mais do que uma vitória da direita, esta parece ter sido uma derrota da esquerda. Grande parte das pessoas que votaram na direita simplesmente queriam castigar os “petistas”. Isto significa que, em democracia, em pleno século XXI, ganhou o voto contra. Estes não eram votos a “favor de”, mas “contra o”. E isto dá muito que pensar. Pessoas há que não entendem que ao castigar outros, se castigam a elas próprias e isto preocupa-me. Consigo perceber a frustração que possam sentir. A desilusão que terá sido para muitos aquele que há 15 anos era tido como um homem do povo, “um de nós” e que, afinal, alegadamente nos enganou a todos envolvendo-se em esquemas corruptos e que se terá aproveitado da sua posição em benefício próprio. Para melhor se compreender a sus alegada posição em esquemas da operação “lava-jato”, aconselho que se veja a série do Netflix, “O mecanismo”. Uma excelente série que ajuda a perceber o esquema, que era bastante complexo e que temo que em muito tenha contribuído para o resultado de ontem. Ainda assim, milhões preferiram uma personagem que apela à violência a um corrupto (ou à associação de um político a um corrupto, dada a ligação de Haddad a Lula até às duas últimas semanas antes da segunda volta das eleições) e eu não consigo perceber. Dá que pensar na nossa situação, a portuguesa, onde são eleitos políticos comprovadamente corruptos, mas que “fazem muito pela cidade, na mesma”. Talvez seja um mal menor, quando comparando. Não é tão mau. O problema é que é a aceitação de um mal que pode levar a resultados como este, que se adivinham catastróficos. O que me leva à terceira conclusão;
  • As pessoas acreditam que pior não vai ficar. É este o seu desespero e a sua crença: “pior do que está não vai ficar “. O que é um erro bastante humano e que eu própria já cometi. Felizmente não em temas de tamanho impacto, mas sim em questões que só me influenciavam a minha própria vida. Quantos de nós, em situações do dia a dia, tomamos decisões com base nesta premissa? Quantos de nós nos arrependemos e comprovámos que estávamos enganados? “Pior não vai ficar”. “Pior é impossível”. O crime no Brasil já atingiu resultados históricos, a divisão era cada vez maior, a economia ia mal. Mas o pior é que pode. Tudo pode ser sempre pior. E agora resta-nos ter a esperança que não. 


Outubro 25, 2018



Desengane-se quem acha que o derradeiro desafio de uma relação é partilhar casa. Ou ter filhos. Ou assinar papéis com a bênção de Deus. 
Quando se tem um namorado competitivo como o meu, o derradeiro desafio é outro. 
O João não joga à bola, nem faz qualquer outro desporto. Também, Já não tem muito mais para subir em termos de posição profissional. Talvez por isso, todo a sua capacidade competitiva se resuma a 3 coisas.
  1. O Sporting (tadinho...)
  2. Ver séries. Se alguém andar a ver a mesma série que nós, ai de nós se nos atrasamos e ficamos uns episódios atrás, ou, ultraje dos ultrajes, temporadas. Para que serve ver uma série? Estar descansadinha só a desfrutar do tempo que se tem livre? Dormir 8 horas de sono? Naaaã.  Isso é para meninos. Se fulano e beltrano já viram, ninguém sai daqui sem ver, pelo menos, um episódio a mais que essa pessoa. 
  3. Jogos de tabuleiro. 

Namorávamos há menos de um ano quando convidámos uns amigos para jantar em nossa casa. Uma das convidadas, provavelmente, já a ver se me montava ratoeira, trouxe um jogo de tabuleiro chamado Party & Co. Basicamente, este jogo é uma mistura de vários. Perguntas de cultura geral, mímica, desenhos e palavras proibidas. 
Ela trouxe o jogo, mas também me avisou, “ele é um chato a jogar”. Tentei impedir a coisa tanto quanto uma namorada de há menos um ano consegue: fui tímida e pouco assertiva. 

Se hoje lhe perguntarem, ele vai dizer que são calúnias e que estava só a brincar. Não estava. Estava a dar tudo pela prova da sua superioridade intelectual. Acha-se esperto, este.

Para azar dos meus azares, qual é a categoria preferida do menino? Aquela que nunca ninguém quer: cultura geral. É muito menos embaraçoso não saber desenhar que não saber uma pergunta de cultura geral. Ninguém quer correr esse risco. Mas não. O menino não me queria a fazer macacadas, nem rabiscos. Como a Lei de Murphy funciona sempre sempre nestes momentos, qual foi o tema que mais me saiu: futebol. 

Foi mau. Foi muito mau. Durante meses ouvi-o contar a cada pessoa com quem se cruzava que eu não tinha adivinhado que o jogador do Benfica que usava as golas levantadas era o Rui Costa. Ou que respondi que na passagem de ano se comia camarão (eram passas, aquela porcaria que eu nunca, nem que me paguem, como na vida). Reclamou cada vez que errei. Reclamou dos meus desenhos, das minhas mímicas e tudo e mais alguma coisa. Vi a relação por um fio.

Jogámos até às 5h da manhã. Ganhámos aos outros dois casais e, mesmo assim, não me perdoa. “O Rui Costa? Porra, babe, o Rui costa?”. Não sei se sobrevivemos a isto. 

Outubro 24, 2018


Depois de ter escrito este post, vi a segunda parte da reportagem sobre o marido da Maria Leal.

Se antes achava um desperdício de se fazer disto uma história, hoje acho que esta reportagem era necessária e espero que seja o suficiente para abrir o diálogo (e, urgentemente, a ação) de uma história que é representativa de como se passam as coisas em Portugal. 

Acho absolutamente inconcebível que um processo de divórcio esteja “parado” por não ser possível notificar uma das partes só porque esta nunca alterou a sua morada oficial. Acho inconcebível que alguém, dado oficialmente como inválido, esteja 3 anos a receber e a pagar dívidas de alguém com quem não tem contato. 

Isto mostra-nos o quão desprotegidos estamos todos e o quão não podemos contar com o Estado e a justiça portuguesa. 

Esta é uma história muito triste e espero que sirva para resolver este caso e tantos outros que estarão nas prateleiras. 

No final, só tenho pena que esse não seja o foco de quem vê a reportagem.

Bom trabalho, Sofia Pinto Coelho. 

Outubro 23, 2018


No caso da Maria Leal e o ex-marido, sou sincera, tenho uma opinião. Por muito que queira ser isenta e que seja defensora da presunção da inocência, não consigo deixar de ter uma opinião sobre a capacidade intelectual destas duas pessoas.

Como toda a gente, comecei por ver a reportagem com o Francisco, o ex-marido. Aqui, a minha opinião já começa por ser polémica porque acho um absoluto desperdício o talento de uma Sofia Pinto Coelho ser utilizado para uma não história. 

Esta é uma não história porque nenhuma das personagens é alguém de relevo e importância para a nossa sociedade. 

Uma constrói “carreira” com base no ridículo. Não percebe que é gozada. Ou percebe e, então, é mais esperta que todos nós. Não ponho essa hipótese, confesso. Outro, é alguém que perdeu uma fortuna imensa sem sequer saber bem como. 

Não sei se gastaram os dois o dinheiro ou só um. Mas também não sei se se pode considerar roubo se abrirmos as nossas portas e informarmos, a quem quer que seja, leva o que quiseres. 

Talvez se possa falar de abuso de confiança. Ele disse-lhe que o dinheiro era dos dois e ela, alegadamente, gastou pelos dois e quantos mais viessem. 

Ainda assim, mesmo colocando a hipótese de abuso de confiança, quando vi a entrevista a que Maria Leal se sujeitou, quando ouvi o discurso que levou preparado, mesmo depois dos insultos e ameaças a que já foi sujeita, só pude concluir uma coisa: esta gaja é só tonta. 

Outubro 10, 2018




Há uns anos,um dos meus grandes amigos foi acusado de “roubar” um beijo a uma pequena.Tínhamos 17/18 anos, na altura. Ambos tinham outros namorados e a miúdasentiu-se lesada pelo excesso de confiança do meu amigo e quis vê-lo castigado.Contou ao namorado, que quis recuperar a honra da sua donzela e praticar talcastigo.

Na altura, fuidefensora acérrima desse meu amigo. Era, para mim, impossível que o meu amigotivesse tal desplante. Namorava com uma das miúdas mais giras da escola,parecia apaixonado e era tão bom amigo. Parecia impossível.

Curiosamente,à laia de figura pública, apareceram logo umas quantas miúdas a acusá-lo de tertentado tal ousadia com elas.

A turmadividiu-se e a acusadora passou a persona non-grata, a mentirosa, a chamadorade atenções. Nunca nos perdoou e hoje, ainda mal nos fala.

Nunca sabereio que se passou exatamente nessa noite. Com o passar dos anos foram surgindomais algumas histórias semelhantes do mesmo rapaz.

Continuo aadorá-lo. A saber que, eu, posso contar com ele sempre que precisar. Acho-o umpai espetacular, depois de ter tido filhos.



Apesar deperceber zero sobre futebol, considero-me fã do Cristiano Ronaldo.Reconheço-lhe valor e o esforço e dedicação que atribui à sua causa. Talvez porme desinteressar tanto o futebol não padeço desse síndrome de muitos fãs, não ovejo como um dos meus.

Já KathrynMayorga, de quem nunca tinha ouvido falar, considero uma das minhas. Por sermulher. Por que a vejo como um ser tão vulnerável como eu. Porque também já meenganei a propósito de pessoas. No fundo, ela é o meu amigo do secundário, quedefendi com unhas e dentes e, provavelmente, o motivo pelo qual a tenhodefendido acerrimamente e participado em discussões acesas sobre o tema.



Na verdade,não sei, nem saberei nunca o que realmente se passou naquela noite. Entre asduas versões, já se sabe, estará a real.

O que meassusta e me faz sentir tamanha empatia por ela, são os comentários dos juízesde bancada. Esses que perdem tempo a acusar. E escolhem acusar a mulher que,ingenuamente ou não, escolheu dançar, seduzir e acompanhar aquele que hojeacusa. É assustador perceber que os argumentos usados são o facto de umdeterminado consentimento fazê-la merecedora do desfecho. Não são estas aspalavras usadas. Percebo que, muitas vezes, aquilo que se quer defender é oconsentimento. O problema são os argumentos usados. “Se subiu para o quarto,não foi ver a novela”, “se dançou daquela forma, só podia esperar aquilo”, “seo olhava com ar embevecido, é porque queria”. E não é. Não é por admirarmosalguém que queremos ser “enrabados” (desculpa mãe). Não é por seduzirmos alguémque temos de aceitar e acatar todas as suas vontades. Infelizmente, a nossasociedade patriarcal ainda leva a que demasiadas pessoas pensem assim e istoassusta-me.

Assustam-metambém as pessoas que falam em níveis de violação. Que comparam este acto ouacto do desconhecido doente mental que aborda uma desconhecida na rua. Só quequando se trata do nosso corpo e do uso da força para o seu uso, não há níveisde violação. Não há. Há níveis de culpa, níveis de confiança, níveis decomportamento. Não sei o que mais viola o espírito de uma mulher. Sinceramente,não sei.



A história queconto no início deste texto, ensinou-me várias coisas. Que nunca conhecemosrealmente as pessoas, sejam o nosso colega de carteira, seja uma figurapública. Que as pessoas têm várias facetas. Um bom amigo não é necessariamenteum bom namorado. Um bom jogador de futebol terá as suas fraquezas fora docampo. Mas, sobretudo, o que aprendi a presunção da inocência.



Percebo anecessidade de defender os nossos. Percebo que o Ronaldo seja para muitos comoum amigo, tamanha alegria lhes causou. Percebo quem, como eu, sinta necessidadede defender, não uma Kathryn, mas todas as mulheres e a possibilidade de todaspoderem sair de casa, vestir-se e relacionarem-se sem medos.



Não sei quem éculpado nesta história, mas, por favor, peço-vos, não digam nunca que “estava apedi-las”. Ninguém pede para ser violado.


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